terça-feira, 4 de setembro de 2012

A "coerência" de ANTÓNIO REBELO - fascículo 2


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Quinta-feira, 15 de Outubro de 2009


Colaboração PAPELARIA CLIPNETO

O MIRANTE, que é um semanário bastante bem feito, parece ter a orientá-lo alguém com apurado "faro jornalístico". (...) Tendo já intuído que o reinado de Miguel Relvas no distrito pouco mais durará  (...) O Mirante aproveita para remexer a faca na ferida dos socialistas tomarenses, que tinham muito mais condições que Paulo Fonseca, mas não quiseram ou não souberam, ou ambas. Na mesma senda anti-nabantina, o referido jornal (...)

Muito mais respeitadora do poder aparece esta edição do Templário, que inclui uma longa e bem estruturada entrevista com Miguel Relvas, ocupando duas páginas. Quem ler, ficará a saber, designadamente, que as comunidades intermunicipais são farsas, que vai ter mais tempo para se dedicar à política tomarense, que não contem com ele para truques e que só ficará se for reeleito presidente da assembleia municipal. Por outras palavras, ou pastor do rebanho tomarense, com até agora, ou ala que se faz tarde ! Justificação ? "Candidatei-me a presidente da assembleia municipal", o que é um manifesto abuso de linguagem. Na verdade, como para qualquer outro parlamento, o presidente só é votado posteriormente pelos deputados entretanto eleitos. E o facto de ter sido cabeça de lista não lhe confere qualquer estatuto especial. Os deputados municipais são totalmente livres de escolher por voto maioritário quem muito bem entenderem, independentemente do lugar ocupado na lista partidária, submetida ao sufrágio universal.
Seja-nos permitido acrescentar que, no nosso como sempre tosco entendimento, seria uma desgraça para Tomar a reeleição de Miguel Relvas como presidente. Não porque seja má pessoa, incompetente ou desonesto. Nada disso. Apenas porque, ao longo da sua carreira política local, sempre procurou, de resto com sucesso, armadilhar a Assembleia Municipal, de forma a silenciar a oposição mais incómoda e os munícipes mais corajosos e contestatários. Agora que os tempos são de grave crise local, continuar com tal prática seria contribuir poderosamente para o nosso suicídio como comunidade influente na região. Para pior já basta assim !
 
 
Publicou Diário de Notícias, na página 55 da edição de hoje, 15 de Outubro, um painel com as opiniões de duas conhecidas figuras nacionais do PSD - Rui Machete e Miguel Relvas. Dado que teremos certamente muitos defeitos, como toda a gente, mas sempre fomos e continuamos a ser pela liberdade e pelo pluralismo partidário, temos muito gosto em reproduzir essas duas intervenções, para formação e informação dos que nos lêem. Sobretudo os militantes e simpatizantes dos sociais-democratas, mas também para todos aqueles que pensam ser útil estar sempre bem informado.
Cada um elaborará a sua própria opinião, naturalmente após leitura cuidada. Pela nossa parte, seja-nos permitido dizer que estamos perante dois textos políticos muito bem estruturados, todavia com estilos assaz diferentes. Rui Machete mostra-se, através da sua escrita, um estratega recatado, substantivo, sólido e algo desencantado. Já a peça subscrita por Relvas deixa aperceber um dirigente manobrador, adjectivo, gasoso, falsamente optimista e bastante escorregadio. Repare-se que o escrito de Relvas é sensivelmente mais longo que o do seu correligionário, apesar de dizer muito menos em termos concretos. Afirmamos nós. "O leitor, porém, como sempre, melhor opinará, se assim o entender por bem."
 
 
(...)
 
Quanto aos assumidos pastores do rebanho nabantino, cheira a final de reinado por todo o lado. Miguel Relvas, apesar das suas proclamações de contentamento, é igualmente um derrotado, pois muito dificilmente poderá vir a ser o futuro presidente da Assembleia Municipal. Lá se vão anos e anos de uma teia pacientemente urdida. Lá se vai um regimento barroco, redigido sobretudo para calar a oposição da AM e os munícpes com coragem para ali intervirem. Não há mal que não se acabe. Nem bem que sempre dure…
 






Alguns militantes e dirigentes do PS local vão dizendo, pela calada, que apenas critico por despeito, por espírito de vingança, por rancor, ou (na típica linguagem de alguns) por dor de cotovelo. Estão enganados. E sabem-no bem. Sou socialista de antes do 25 de Abril, uma espécie em vias de extinção pelas leis naturais da vida. Aprendi em França, com um Mário Soares exilado, a pachorra, a tolerância, a fraternidade e a bonomia, em longas conversas na Librairie Maspero, no Quartier Latin e depois em Paris VIII.
(...)


 
 
Sábado, 19 de Setembro de 2009

António Rebelo

Quando ainda estava convencido de que, com o agravar da crise, os tomarenses começariam a "dar o corpo à curva", prometi aqui mesmo que, no momento oportuno, revelaria o meu sentido de voto. Chegou a altura de cumprir o prometido, embora já esteja persuadido de que a esmagadora maioria dos tomarenses nada vai ligar ao que agora escrevo, pois como habitualmente são especialistas seja de que assunto for. E então em matéria de política, nem vale a pena tecer mais comentários. Vamos portanto ao âmago da questão.
No próximo dia 27, como em qualquer outra eleição, são múltiplas as hipóteses para os cidadãos responsáveis e respeitadores, que não se refugiam na pseudocomodidade da abstenção, na realidade uma forma encapotada de cobardia. Mais uma. Antes de mais, o cidadão eleitor deve ponderar bem o que pretende fazer e escolher uma de duas possibilidades basilares -Escolher ou protestar. Se optar pela escolha, terá depois de começar por caracterizar melhor o que deseja escolher -O seu partido habitual? O partido que na sua opinião vai vencer? O partido que quanto a si apresentou o melhor projecto para o país, que somos todos?
Se, pelo contrário, optou pelo protesto, então terá de escolher entre o voto branco, nulo, ou num dos pequenos partidos que você considere mais agressivos. O voto branco conta como voto para o apuramento das percentagens finais (o que não sucede com as abstenções), mas se desconfia que alguém poderá acrescentar-lhe depois uma cruz onde mais convier, não arrisque; vote nulo, inutilizando o seu boletim como melhor entender (uma cruz a todo o tamanho do papel, uma cruz em cada quadradinho, para ninguém ficar zangado, ou uma frase curta e saborosa à sua escolha). Além do voto branco e do voto nulo, há o voto nos chamados partidos de protesto ou partidos dos extremos.
Com implantação a nível nacional, há três partidos de protesto, dois na extrema esquerda -CDU e Bloco de Esquerda- e um na extrema direira -o CDS.
Tanto a CDU como o BE são excelentes para protestar e para obstar a que o governo, seja ele qual for, cometa demasiados abusos. Não têm, no entanto, qualquer hipótese de vir a formar governo. Nem essa é a sua intenção. Por isso mantêm nos seus programas respectivos, de forma directa ou subentendida, a nacionalização da banca e das principais empresas nacionais. Dado que o país não teria dinheiro para liquidar indemnizações justas, tal acto seria considerado uma confiscação, o que implicaria a nossa expulsão imediata da União Europeia, com a consequente retirada da zona euro e o inevitável regresso ao escudo, para já não falar da fuga de capitais e de pessoas de posses, como sucedeu em 1974/75/76.
É certamente por isso que o PCP -Partido Comunista de Chipre, está no governo daquela ilha há mais de dois anos, mas limita-se a praticar uma política moderada.
Outra hipótese de protesto consiste em votar à direita, no CDS. Paulo Portas é sem sombra de dúvida um homem inteligente, mas as suas constantes referências à segurança, às forças da ordem, às forças armadas e à necesidade de rever as condições de atribuição do Rendimento Mínimo de Inserção, são algo inquietantes para alguns que ainda não esquecram o passado sombrio. Por volta de 1930, um professor universitário ex-seminarista chegou ao governo para manter a ordem, restabelecer a segurança e equilibrar as contas públicas. Disse então a célebre frase "Sei muito bem o que quero e para onde vou." Tinha razão. Só abandonou a cadeira do poder quando esta se partiu, 38 anos mais tarde.
É claro que Paulo Portas nunca faria uma coisa dessas, acho eu. Em todo o caso, o outro andou no seminário e Portas concluiu a sua formação nos jesuítas, em Paris.
Restam-nos os dois grandes candidatos à liderança do próximo governo: o PS e o PSD. Para muitos eleitores, os socialistas cometeram muitos erros e devem por isso ser punidos. Não partilho de tal opinião, pois nunca conheci um governo que não cometesse erros graves e, também, porque quem está no poder tem quase sempre mais experiência do que a oposição. Houve e há a questão dos professores, mas trata-se de um conflito bem mais amplo do que parece e caracterizado por excessiva hipocrisia de parte a parte. Da parte do ministério, porque pretende avaliar os professores com algum rigor, mas não consente que estes façam outro tanto com os alunos. Da parte dos docentes, porque dizem sempre que querem ser avaliados, mas não ousam acrescentar "nas mesmas condições dos nossos alunos", o que significaria uma avaliação praticamente sem grandes consequências. Acontece que o governo não está, nem nunca estará, de acordo com tais pontos de vista, por duas razões fundamentais: 1 - Porque não quer desagradar aos pais e encarregados de educação; 2 - Porque não tem recursos que lhe permitam pagar a todos os professores mais tarde ou mais cedo no topo da carreira, de acordo com o anterior ECD, pelo que terá sempre de haver barreiras à progressão.
Pelas bandas do PSD, ainda não apresentaram qualquer alternativa credível. Têm-se limitado até agora o dizer que, se vierem a formar governo, anulam isto, rasgam aquilo, modificam assim, corrigem assado. Em pouco tempo, a sua presidente falou em suspender a democracia por seis meses, gabou a actuação do bronco Jardim e hostilizou escusadamente os espanhóis. São demasiadas asneiras em tão curto espaço. Para mais, vindas de quem, quando foi ministra da educação, instituiu o exame obrigatório de acesso ao 8º escalão (mais tarde anulado por Guterres) e proibiu os professores de falarem à comunicação social.
Usando uma linguagem de cariz burocrático, finalizo dizendo que, tudo visto e devidamente ponderado, não posso deixar de votar PS, no próximo dia 27. Que cada eleitor saiba assumir as suas responsabilidades, são os meus votos.
Nota final: "Tomar a dianteira" continuará à inteira disposição dos habituais leitores, mas interrompe aqui as suas
 
 
[MAlegre0001.jpg]
Para alguma inteligência local, que tem demonstrado ter uma tendência mórbida para confundir toalhas com panos de cozinha, e pensar que as andorinhas andam de avião quando ouvem dizer que voam, aqui fica esta reprodução parcial da página 10 do 24 Horas de hoje. Agora se calhar vão desculpar-se, alegando que o 24 Horas é pró-socialista...
Alguém tem dúvidas ?
 
"Socialista" dos sete costados...
 
"Compagnon de route" de Mário Soares...
 
"Admirador" de Manuel Alegre...
 
"Anti"- Relvas militante...
 
Homem de "esquerda" acima de qualquer suspeita...
 
"Convicto e empenhado" apoiante e votante de Sócrates...
 
 
Nas palavras dele, ditas e escritas pelo próprio.
 
O III fascículo trará mais surpreendentes "novidades"...
 
 
VL
 
 
 
 

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