segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A "coerência" de ANTÓNIO REBELO - fascículo 1

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Iniciamos hoje a publicação, em fascículos, de textos publicados pelo procurador/embaixador de RELVAS junto da opinião pública tomarense no seu blogue, desde 2008.

Em linguagem simples, entendível, crua, sem rodriguinhos, à portuguesa, deixo uma pergunta a todos os leitores :


O QUE É um troca-tintas, um vira-casacas ?


Vão lendo os fascículos um a um e, no final, digam se o que acabaram de ler vos ajudou a definir o EXEMPLAR DE CATÁLOGO.




Mas vamos à primeira amostra :






Terça-feira, 11 de Novembro de 2008


Serve este texto para apoiar Manuel Alegre e a luta dos professores. Apoiar Manuel Alegre porque, com os 70 passados, continua fiel ao "Pergunto ao vento que passa/Notícias do meu país/O vento cala a desgraça/O vento nada me diz...", dando a conhecer a sua preocupação com o que está a acontecer debaixo do nosso nariz. Rapaz da minha criação, Manuel Alegre mantém-se fiel aos seus e meus ideais (…)



Noticia O TEMPLÁRIO (página 11 da edição de 05/11/09), que o presidente da Assembleia Municipal, Miguel Relvas, já solicitou às duas rádios locais a apresentação de propostas para a transmissão integral via internet das sessões daquele órgão. Como qualquer outro recurso técnico, a internet pode ser excelente, péssima ou completamente inútil. Depende inteiramente daquilo que através dela se faça. Um mau filme não passa a ser excelente só porque é exibido na Eurovisão...

No caso do parlamento tomarense, o problema do seu evidente apagamento e progressiva inutilidade prática, não resulta tanto da falta de difusão das suas actividades, mas também e sobretudo da sua prática reiterada. Anos e anos de maioria absoluta, com eleitos de fraco poder de encaixe e falta de hábitos democráticos, deram no que se sabe: sessões a horas impossíveis para quem trabalha, um regimento abstruso, aplicado de forma rígida, silenciamento das (poucas) vozes discordantes, ordens de trabalhos apenas para cumprir calendário, actuação orientada exclusivamente no sentido de não interpelar o executivo. A tudo isto, a agora pretendida transmissão via internet não dará qualquer solução, caso persista o comportamento incoerente verificado até aqui -dizer um coisa mas desmenti-la na prática. (...)
 
 
 
 
 
 









(...) Em recentes declarações à Rádio Hertz, em tom que nos pareceu um pouco exaltado, repetiu que só continuará na Assembleia Municipal de Tomar, caso venha a ser eleito presidente, mas mudou de justificação. Agora já não pensa ter direito ao lugar por ter sido candidato a ele, como afirmara anteriormente, mas porque venceu as recentes autárquicas. Parece-nos de certo modo peculiar tal argumentação, sabido como é que na verdade não foi só ele, nem sobretudo ele, que venceu as eleições. Prova disso é que a lista por si encabeçada obteve menos 33 votos que a lista de Corvêlo de Sousa (…)

O MUNDO ÀS AVESSAS
 
Nos anos 70, chegou a Tomar uma família com um descendente adolescente (haveria outros, que agora não nos interessam para esta história). Vinham de Angola (se não erramos), forçados pelas infelizes e dramáticas circunstâncias, que todos os mais velhos conhecemos bem. Acolhido com a nossa proverbial hospitalidade (diz-se que Tomar tem sido desde sempre madrasta para os seus filhos, mas boa mãe para os seus enteados), o rapaz completou a sua escolaridade secundária, inscreveu-se e militou na jota laranja, tendo acabado por desaguar, como tantos outros, na Assembleia da República. Aí se verificou que era inteligente, apresentava-se bem, falava bem em privado, sabia calar-se e levantar-se conforme o líder parlamentar mandava. Um perfeito deputado fundilhos, na feliz expressão de Gonçalo Macedo.
Foi viver para a capital, porém dizendo sempre que habitava em Tomar, por causa das ajudas de custo. Nunca ninguém o ouviu intervir no hemiciclo, mas como o norte do distrito de Santarém era PSD e o sul PS, foi ocupando pouco a pouco o lugar livre de cacique laranja do distrito. Situação cómoda e muito útil, posto que lhe permitia, sempre que necessário, alavancar a sua posição lisboeta com a sua elegada influência distrital, bem como a sua posição local com o seu propalado poder em Lisboa. E sucedeu que até foi nomeado na A.R. para a Comissão de Obras Públicas, situação que de algum modo terá influído (pouco ou muito) para a sua designação de assessor de quatro ou cinco sociedade privadas...
(...) Ciente do seu poderio, tanto a nível local como distrital e nacional -até chegou a ser secretário-geral do PSD- cometeu um erro crasso ao apoiar, de modo demasiado visível, o seu amigo desde a jota laranja, PP Coelho, na movimentada corrida à liderança nacional. Eleita, MF Leite não lhes perdoou. Apesar de colocados em 1º lugar nas listas para deputados pelas respectivas estruturas regionais, tanto ele como PP Coelho foram excluídos, sem dó nem piedade. Pior ainda, como uma desgraça raramente vem só, o PSD perdeu a maioria absoluta em Tomar, mesmo com Relvas como cabeça de lista para a Assembleia Municipal. Uns ingratos estes tomarenses !





 

Sábado, 17 de Outubro de 2009


Tem sido o grande tema de discussão por esse mundo fora. De um lado os chamados liberais, que propugnam menos estado, menos burocracia, menos impostos, menos funcionários, menos sindicatos, menos regulamentação da economia e da finança. Do outro os socialistas, os sociais-democratas e os keynesianos, para os quais sem um estado forte e intervencionista, função pública numerosa, sindicatos fortes, segurança social, impostos altos e subsídio de desemprego, não é possível termos um país mais justo para todos.

A recente crise veio mostrar que os liberais não têm razão e que, afinal, a intervenção do estado e as "almofadas sociais" (assistência médica, pensões de reforma, subsídio de desemprego, função pública pesada, ajudas à formação profissional), são condições essenciais para ultrapassar com êxito as crises mais graves, bem como para continuar a permitir o desenvolvimento do capitalismo.

O texto seguinte é da autoria de Pierre Bezback, catedrático de economia na Universidade de Paris IX - Dauphine, uma das grandes escolas francesas de gestão.

"Durante a época dos chamados "trinta gloriosos" (1945/1974), ensinava-se aos estudantes de economia que os ciclos económicos de grande amplitude, e sobretudo as crises, eram coisas do passado. Tinham sido uma característica do capitalismo do século XIX, com a crise de 1929 a constituir o último sobressalto paroxístico dessas doenças agora ultrapassadas.

Quando, em meados dos anos 70, esse crescimento forte e longo foi posto em causa, houve surpresa para a maior parte dos economistas. Explicou-se então o sucedido com um "choque exógeno" -o aumento brutal do preço da energia.

Mas os economistas de obediência liberal explicaram então que esse choque só teve consequências graves devido à rigidez causada por trinta anos de keynesianismo. De acordo com esta tese, a saída da crise estava na desregulamentação, na diminuição da carga fiscal, na reactivação da concorrência, na abertura das fronteiras e na diminuição da importância dos sindicatos. Tudo isto, diziam, tornaria a economia mais reactiva e os agentes económicos mais dinâmicos.

Esta visão das coisas inspirou as políticas económicas seguidas desde o princípio dos anos 80, marcadas pelas privatizações, uma desregulamentação particularmente importante no sector financeiro, bem como a abertura das fronteiras, tornando a concorrência internacional mais viva que nunca.

Esqueceram-se, todavia, que os ciclos e as crises recorrentes que o capitalismo conheceu até aos anos 30, estavam precisamente ligados à forte concorrência de então, à ausência de regulamentação estatal sobre as decisões individuais, à modéstia do esforço fiscal por parte dos cidadãos, bem como ao facto de o Estado se manter quase sempre como mero espectador na área económica (mesmo se, por outro lado, defendia a propriedade privada, proibia as organizações operárias , fechava ou abria as fronteiras e conduzia políticas coloniais mais ou menos activas...).

Esqueceram também as lições da crise de 1929, que suscitou em todos os países o intervencionismo do Estado e regulamentar sem precedentes, na sequência do New Deal nos Estados Unidos.

Esqueceram finalmente que em todos os países o crescimento económico contínuo dos trinta gloriosos deveu-se em grande parte aos investimentos públicos, à estabilização da procura interna, tornada possível pelo aumento do número de funcionários públicos, e ao controle da actividade bancária.

A crise actual mostra de novo que a instabilidade do capitalismo é tanto mais forte quanto o Estado deixa funcionar livremente o mercado. Mostra igualmente que a intervenção do Estado se torna tanto mais importante quanto o capitalismo está mais desenvolvido. O que teria acontecido à economia mundial, se os governos dos grandes países não tivessem injectado somas colossais para ajudar a banca e para relançar a economia ? E se os bancos centrais não tivessem libertado centenas de biliões de dólares e de euros nos mercados monetários ?

Fala-se agora em França num grande empréstimo do Estado, para financiar investimentos estratégicos para o futuro, o que significa claramente que este país só sairá realmente da crise se o Estado voltar a desempenhar o papel que foi o seu durante o dirigismo gaulista (Época em que De Gaulle foi presidente da República).

Não teria sido mais prudente evitar que se criassem as condições que provocaram esta crise, dando demasiada liberdade aos detentores de capitais ?"

Pierre Bezback - Le Monde

Conclusão para o caso de Portugal: Evitam de esperar que o Bloco de Esquerda ou o PCP consigam destruir o capitalismo. Os banqueiros e o Estado acabarão por fazê-lo muito mais rapidamente. É só esperar para ver.

Nota prévia, tradução, adaptação e conclusão de António Rebelo.

 
 
Interessante ?
Isto é só uma primeira amostra, para aguçar o "apetite"...
Talvez não lhe passe pela cabeça o que ainda vai ler...
Esteja atento!
 
E o maior problema é que o País está infestado de padrinhos e afilhados como RELVAS e REBELO.
R&r no seu melhor, bem dignos um do outro.
 
VL
 

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