Iniciamos hoje a publicação, em fascículos, de textos publicados pelo procurador/embaixador de RELVAS junto da opinião pública tomarense no seu blogue, desde 2008.
Em linguagem simples, entendível, crua, sem rodriguinhos, à portuguesa, deixo uma pergunta a todos os leitores :
O QUE É um troca-tintas, um vira-casacas ?
Vão lendo os fascículos um a um e, no final, digam se o que acabaram de ler vos ajudou a definir o EXEMPLAR DE CATÁLOGO.
Mas vamos à primeira amostra :
Terça-feira, 11 de
Novembro de 2008
Serve este texto para apoiar Manuel Alegre e a luta dos
professores. Apoiar Manuel Alegre porque, com os 70 passados, continua fiel ao
"Pergunto ao vento que passa/Notícias do meu país/O vento cala a
desgraça/O vento nada me diz...", dando a conhecer a sua preocupação com o
que está a acontecer debaixo do nosso nariz. Rapaz da minha criação, Manuel
Alegre mantém-se fiel aos seus e meus ideais (…)
Noticia O TEMPLÁRIO
(página 11 da edição de 05/11/09), que o presidente da Assembleia Municipal,
Miguel Relvas, já solicitou às duas rádios locais a apresentação de
propostas para a transmissão integral via internet das sessões daquele órgão.
Como qualquer outro recurso técnico, a internet pode ser excelente, péssima ou
completamente inútil. Depende inteiramente daquilo que através dela se faça. Um
mau filme não passa a ser excelente só porque é exibido na Eurovisão...
No caso do parlamento
tomarense, o problema do seu evidente apagamento e progressiva inutilidade
prática, não resulta tanto da falta de difusão das suas actividades, mas também
e sobretudo da sua prática reiterada. Anos e anos de maioria absoluta, com
eleitos de fraco poder de encaixe e falta de hábitos democráticos, deram no que
se sabe: sessões a horas impossíveis para quem trabalha, um regimento abstruso,
aplicado de forma rígida, silenciamento das (poucas) vozes discordantes, ordens
de trabalhos apenas para cumprir calendário, actuação orientada exclusivamente
no sentido de não interpelar o executivo. A tudo isto, a agora pretendida
transmissão via internet não dará qualquer solução, caso persista o
comportamento incoerente verificado até aqui -dizer um coisa mas desmenti-la na
prática. (...)
(...) Em recentes declarações à Rádio Hertz, em tom que nos pareceu um pouco exaltado, repetiu que só continuará na Assembleia Municipal de Tomar, caso venha a ser eleito presidente, mas mudou de justificação. Agora já não pensa ter direito ao lugar por ter sido candidato a ele, como afirmara anteriormente, mas porque venceu as recentes autárquicas. Parece-nos de certo modo peculiar tal argumentação, sabido como é que na verdade não foi só ele, nem sobretudo ele, que venceu as eleições. Prova disso é que a lista por si encabeçada obteve menos 33 votos que a lista de Corvêlo de Sousa (…)
O MUNDO ÀS AVESSAS
Nos
anos 70, chegou a Tomar uma família com um descendente adolescente (haveria
outros, que agora não nos interessam para esta história). Vinham de Angola (se
não erramos), forçados pelas infelizes e dramáticas circunstâncias, que todos
os mais velhos conhecemos bem. Acolhido com a nossa proverbial hospitalidade
(diz-se que Tomar tem sido desde sempre madrasta para os seus filhos, mas boa
mãe para os seus enteados), o rapaz completou a sua escolaridade secundária,
inscreveu-se e militou na jota laranja, tendo acabado por desaguar, como tantos
outros, na Assembleia da República. Aí se verificou que era inteligente,
apresentava-se bem, falava bem em privado, sabia calar-se e levantar-se
conforme o líder parlamentar mandava. Um perfeito deputado fundilhos, na feliz
expressão de Gonçalo Macedo.
Foi
viver para a capital, porém dizendo sempre que habitava em Tomar, por causa das
ajudas de custo. Nunca ninguém o ouviu intervir no hemiciclo, mas como o norte
do distrito de Santarém era PSD e o sul PS, foi ocupando pouco a pouco o lugar
livre de cacique laranja do distrito. Situação cómoda e muito útil, posto que
lhe permitia, sempre que necessário, alavancar a sua posição lisboeta com a sua
elegada influência distrital, bem como a sua posição local com o seu propalado
poder em Lisboa. E sucedeu que até foi nomeado na A.R. para a Comissão de Obras
Públicas, situação que de algum modo terá influído (pouco ou muito) para a sua
designação de assessor de quatro ou cinco sociedade privadas...
(...) Ciente do seu poderio, tanto a nível local como distrital e nacional -até
chegou a ser secretário-geral do PSD- cometeu um erro crasso ao apoiar, de modo
demasiado visível, o seu amigo desde a jota laranja, PP Coelho, na movimentada
corrida à liderança nacional. Eleita, MF Leite não lhes perdoou. Apesar de
colocados em 1º lugar nas listas para deputados pelas respectivas estruturas
regionais, tanto ele como PP Coelho foram excluídos, sem dó nem piedade. Pior
ainda, como uma desgraça raramente vem só, o PSD perdeu a maioria absoluta em
Tomar, mesmo com Relvas como cabeça de lista para a Assembleia Municipal. Uns
ingratos estes tomarenses !
Sábado, 17 de Outubro
de 2009
Tem sido o grande tema
de discussão por esse mundo fora. De um lado os chamados liberais, que
propugnam menos estado, menos burocracia, menos impostos, menos funcionários,
menos sindicatos, menos regulamentação da economia e da finança. Do outro os
socialistas, os sociais-democratas e os keynesianos, para os quais sem um
estado forte e intervencionista, função pública numerosa, sindicatos fortes,
segurança social, impostos altos e subsídio de desemprego, não é possível
termos um país mais justo para todos.
A recente crise veio
mostrar que os liberais não têm razão e que, afinal, a intervenção do estado e
as "almofadas sociais" (assistência médica, pensões de reforma,
subsídio de desemprego, função pública pesada, ajudas à formação profissional),
são condições essenciais para ultrapassar com êxito as crises mais graves, bem
como para continuar a permitir o desenvolvimento do capitalismo.
O texto seguinte é da
autoria de Pierre Bezback, catedrático de economia na Universidade de Paris IX
- Dauphine, uma das grandes escolas francesas de gestão.
"Durante a época
dos chamados "trinta gloriosos" (1945/1974), ensinava-se aos
estudantes de economia que os ciclos económicos de grande amplitude, e
sobretudo as crises, eram coisas do passado. Tinham sido uma característica do
capitalismo do século XIX, com a crise de 1929 a constituir o último
sobressalto paroxístico dessas doenças agora ultrapassadas.
Quando, em meados dos
anos 70, esse crescimento forte e longo foi posto em causa, houve surpresa para
a maior parte dos economistas. Explicou-se então o sucedido com um "choque
exógeno" -o aumento brutal do preço da energia.
Mas os economistas de
obediência liberal explicaram então que esse choque só teve consequências
graves devido à rigidez causada por trinta anos de keynesianismo. De acordo com
esta tese, a saída da crise estava na desregulamentação, na diminuição da carga
fiscal, na reactivação da concorrência, na abertura das fronteiras e na
diminuição da importância dos sindicatos. Tudo isto, diziam, tornaria a
economia mais reactiva e os agentes económicos mais dinâmicos.
Esta visão das coisas
inspirou as políticas económicas seguidas desde o princípio dos anos 80,
marcadas pelas privatizações, uma desregulamentação particularmente importante
no sector financeiro, bem como a abertura das fronteiras, tornando a
concorrência internacional mais viva que nunca.
Esqueceram-se,
todavia, que os ciclos e as crises recorrentes que o capitalismo conheceu até
aos anos 30, estavam precisamente ligados à forte concorrência de então, à
ausência de regulamentação estatal sobre as decisões individuais, à modéstia do
esforço fiscal por parte dos cidadãos, bem como ao facto de o Estado se manter
quase sempre como mero espectador na área económica (mesmo se, por outro lado,
defendia a propriedade privada, proibia as organizações operárias , fechava ou
abria as fronteiras e conduzia políticas coloniais mais ou menos activas...).
Esqueceram também as
lições da crise de 1929, que suscitou em todos os países o intervencionismo do
Estado e regulamentar sem precedentes, na sequência do New Deal nos Estados
Unidos.
Esqueceram finalmente
que em todos os países o crescimento económico contínuo dos trinta gloriosos
deveu-se em grande parte aos investimentos públicos, à estabilização da procura
interna, tornada possível pelo aumento do número de funcionários públicos, e ao
controle da actividade bancária.
A crise actual mostra
de novo que a instabilidade do capitalismo é tanto mais forte quanto o Estado
deixa funcionar livremente o mercado. Mostra igualmente que a intervenção do
Estado se torna tanto mais importante quanto o capitalismo está mais
desenvolvido. O que teria acontecido à economia mundial, se os governos dos
grandes países não tivessem injectado somas colossais para ajudar a banca e
para relançar a economia ? E se os bancos centrais não tivessem libertado
centenas de biliões de dólares e de euros nos mercados monetários ?
Fala-se agora em
França num grande empréstimo do Estado, para financiar investimentos
estratégicos para o futuro, o que significa claramente que este país só sairá
realmente da crise se o Estado voltar a desempenhar o papel que foi o seu
durante o dirigismo gaulista (Época em que De Gaulle foi presidente da
República).
Não teria sido mais
prudente evitar que se criassem as condições que provocaram esta crise, dando
demasiada liberdade aos detentores de capitais ?"
Pierre Bezback - Le
Monde
Conclusão para o caso
de Portugal: Evitam de esperar que o Bloco de Esquerda ou o PCP consigam
destruir o capitalismo. Os banqueiros e o Estado acabarão por fazê-lo muito
mais rapidamente. É só esperar para ver.
Nota prévia, tradução,
adaptação e conclusão de António Rebelo.
Publicada porSebastião Barrosem10/17/2009 09:31:00 p.m.
Interessante ?
Isto é só uma primeira amostra, para aguçar o "apetite"...
Talvez não lhe passe pela cabeça o que ainda vai ler...
Esteja atento!
E o maior problema é que o País está infestado de padrinhos e afilhados como RELVAS e REBELO.
R&r no seu melhor, bem dignos um do outro.
VL
Sem comentários:
Enviar um comentário
A sua opinião só o responsabiliza a si, mesmo que dada com recurso ao anonimato.
Por essa razão, nenhum comentário será censurado. Todos serão publicados, sem excepção. Por mais insultuosos e repugnantes que possam ser, em relação a quem a quem quer que seja.
Só os seus autores sairão emporcalhados.
O julgamento e a sentença moral e cívica caberá aos leitores, exclusivamente.